sábado, 27 de fevereiro de 2010

Pré - Modernismo no Brasil

INTRODUÇÃO
O período compreendido entre 1900 e 1922 caracterizou-se pela ausência de uma única diretriz estética. Foi marcado pelo ecletismo estético, ou seja, pela convivência de várias correntes e estilos literários.
De um lado, as obras literárias encontravam-se ainda sob a influência das escolas passadas (realista/naturalista/parnasiana e simbolista) servilmente submissas a modelos europeus já superados, alienados das questões nacionais, de outro, as obras revelam o inconformismo diante da realidade sociocultural e apontavam para a eclosão do movimento modernista.
Essa dicotomia de tendências, uma conservadora e outra renovadora, gerou um clima rico e fecundo que foi designado por Alceu Amoroso Lima d Pré-Modernismo.
Na realidade, o Pré-Modernismo é um termo genérico que define não apenas um período literário, mas toda a transformação que ocorreu na cultura brasileira, preludiando o Modernismo. Entretanto, o que se convencionou chamar na Literatura de Pré-Modernismo, não constituiu uma “escola literária” e sim um período de transição entre a tradição literária do século XIX para o modernismo (século XX).
CRONOLOGIA DO PRÉ-MODERNISMO
Algumas datas podem servir de balizamento para esse período:
  • Marco Inicial: 1902- Publicação das obras:
    “Os Sertões” de Euclides da Cunha
    “Canaã” de Graça Aranha
  • Marco Final: 1922- Realização da Semana de Arte Moderna, no Teatro municipal de São Paulo nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro.

Contexto Histórico

Panorama Mundial

No início do século XX, a Europa se encontrava em intensa turbulência. Entres os principais acontecimentos político-sociais destacaram-se:

  • Partilha da África - no final do século XIX e início do século XX, os países europeus estenderam seus domínios sofre o Continente Africano. No ano de 1885, as grandes potências européias se reuniram na Conferência de Berlim para dividir entre si o continente africano. O mapa da África foi, então, modelado de acordo com os interesses imperialistas, sem levar em consideração as diferenças culturais e os interesses dos povos locais.
  • Pré-Guerra – compreende o período em que os países imperialistas, ou seja, as grandes potências européias (Inglaterra, França) disputam entre si para dominar mais colônias, mais mercados, mais fontes de matérias-prima, mais áreas para investir capital e explorar a mão-de-obra local. Essa disputa foi intensificada quando a Alemanha entrou no campo de concorrência exigindo uma nova divisão dos domínios e dos mercados mundiais. As disputas entre as potências imperialistas acabaram desencadeando na Primeira Guerra Mundial.
  • Primeira Guerra Mundial (1914-1918) – embora cada país tivesse um motivo particular para enfrentar o outro, a causa geral da Primeira Guerra Mundial foi a rivalidade dos países imperialistas. Eles desejavam dominar áreas maiores no planeta e expandir o império econômico dos monopólios.

Panorama Brasileiro

No final do século XIX e início do século XX, o Brasil passa por profundas mudanças no campo político-social.

O primeiro período da República – compreendido entre os anos de 1889 a 1894 ficou conhecido como República da Espada. O período inicial da República foi assim chamado porque os dois primeiros presidentes do Brasil eram militares: o Marechal Deodoro da Fonseca (que governou de 1889 a 1891) e o Marechal Floriano Peixoto (que governou de 1891 a 1894).

O Governo de Floriano Peixoto foi marcado por diversas revoltas. As principais foram a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul e a Revolta da Armada no Rio de Janeiro, ambas no ano de 1893.
A Revolta da Armada – foi uma rebelião promovida por algumas unidades da Marinha brasileira contra o governo Floriano Peixoto, apoiada pela oposição monarquista à recente instalação da República. Começou no Rio de Janeiro em setembro de 1893 e prolongou-se até março de 1894.
A Revolução Federalista – foi um Sangrento Conflito travado entre Partido Federalista (formado pela velha elite do Partido Liberal do Império) e o Partido Republicano Rio-Grandense (formado pelos republicanos históricos), com o objetivo de manter o poder estadual. O conflito transformou-se numa cruenta guerra civil.
O segundo período da República denominado de “República da Oligarquia” ou “República dos Coronéis” inicia-se em 1894 com a eleição do primeiro presidente civil, Prudente de Morais, e termina com a Revolução de 1930. Nesta época os Estados de São Paulo e Minas Gerais passam a dominar a política brasileira aplicando a “Política café-com-leite”, a “Política dos Governadores” e “o voto de cabresto”.
A Política café-com-leite
– como na época, os Estados de São Paulo e Minas Gerais eram os mais ricos da Nação, devido à produção de café e leite, possuíam população bastante grande. Com isso, as bancadas paulista e mineiras eram as mais numerosas do congresso nacional, pois segundo a Constituição de 1891, o número de deputados na Câmara Federal, seria proporcional ao número de habitantes do estado. Além de dominar o poder Legislativo, esses estados controlavam também, as eleições presidenciais. A grande maioria dos presidentes da República Velha foi indicada por São Paulo e Minas Gerais. Essa supremacia ficou conhecida como “política café-com-leite”.

Política dos Governadores

A política dos Governadores foi instituída pelo presidente Campos Sales (1898-1900). Nesta política ficou acordado que os governadores apoiariam todas as medidas presidenciais e, em troca, o Presidente não iria interferir nos governos estaduais, deixaria que as oligarquias governassem os seus respectivos estados como achassem mais conveniente. Assim criou a “Comissão Verificadora de Poderes” que tinha a atribuição de julgar os nomes dos candidatos eleitos. Esta comissão, controlada pelo governo federal, só reconhecia a vitória de candidatos que fossem ligados politicamente aos governadores estaduais. Com essa medida garantiu a perpetuação das oligarquias estaduais no poder.

Voto de Cabresto

Como nessa época não havia a voto secreto, isto é, a votação era a descoberto, os grandes fazendeiros de café, ou melhor, os coronéis obrigavam os lavradores a votarem nos candidatos de sua preferência. A este tipo de voto denominou-se “Voto de Cabresto”.
O advento da República acentuou ainda mais os contrastes da sociedade brasileira:
Aumentam as disparidades econômicas entre as regiões brasileiras:

Região Nordeste

O Nordeste vive a estagnação econômica. O açúcar sofre a concorrência econômica do café que se torna a principal riqueza da região Sudeste, Além disso, as secas, que se repetiram de 1887 a 1915 ,levam à morte de milhares de sertanejos,(só na grande seca de 1877 a 1879 morreram mais de 300 mil, sendo que 60 mil deles no Ceará). Além de provocar mortes, as secas foram responsáveis pela migração dos nordestinos para outras regiões (Norte e Sudeste).
Calcula-se que entre 1870 a 1920 cerca de 300 mil nordestinos entraram na região Amazônica atraídos pela borracha.

Região Norte
O norte vive o esplendor econômico com o ciclo da borracha.
Entre 1890 e 1920, a borracha foi o segundo produto de exportação do Brasil. Só perdia para o café. Muitos latifundiários, donos de seringais, ficaram milionários, enquanto os seringueiros eram explorados e nada viam dessa riqueza. Estavam sempre endividados com os latifundiários. Inicia-se assim, o regime de escravidão moderna que até hoje persiste em nosso país.
A riqueza da região possibilitou a construção de belíssimas obras, como por exemplo,o Teatro Amazonas,em Manaus.

Região Sudeste
Ocorre no Sudeste grande desenvolvimento econômico, em especial, no Estado de São Paulo onde há o aumento da população urbana e o crescimento industrial, graças à cultura e exportação do café.

Crescem as desigualdades entre as classes sociais

  • Elite – classe dominante formada pelas oligarquias rurais;
  • Burguesia industrial (classe social em formação no Rio e São Paulo) Ex-escravos – classe que se marginaliza por falta de oportunidade;
  • Proletariado – classe dos assalariados, ou seja, dos operários e camponeses. O proletariado era formado principalmente, pelos imigrantes europeus, que a princípio vieram para substituir a mão de obra escrava. Outros, porém, foram trabalhar nas indústrias recém-criadas.

As desigualdades sociais geram revoltas e lutas armadas

Região Nordeste
O sertão nordestino foi marcado por muita violência. O fenômeno do cangaço se alastrou por toda a região.
Cangaço foi o nome dado ao movimento formado por grupos de homens armados. Esses grupos invadiam cidade e fazendas ora assaltando, matando, extorquindo, causando terror às populações, ora fazendo justiça com as próprias mãos, tirando muitas vezes dos ricos e dando aos pobres. Eram considerados bandidos por uns e heróis por outros. O primeiro bando de cangaceiros que apareceu foi chefiado por João Calango. Depois veio o bando de Jesuíno Brilhante. No final do século XIX surgiu o bando de Antônio Silvino, conhecido como o governador do sertão. No final da segunda década do século XX, surge o bando de cangaceiros chefiado por Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião, o rei do cangaço. O ciclo do cangaço teve início em 1870 e se prolongou até 1940, quando o Diabo Loiro, ex-integrante do bando de Lampião foi morto pela polícia, encerrando o ciclo do cangaço.
O Sertão Nordestino foi também palco da sangrenta luta de Canudos. A Guerra de Canudos aconteceu no período de 1896 a 1897 na Bahia.
Fundado às margens do Rio Vaza-Barris, interior da Bahia, o arraial de Canudos era habitado, em sua maioria, por sertanejos pobres, analfabetos, descontentes com a miséria, com as desigualdades, com a submissão aos coronéis. Tinham por líder um pregador chamado Antônio Mendes Maciel, apelidado de Antônio Conselheiro, que prometia um mundo novo, melhor e mais justo.
Com a força de sua pregação, o Conselheiro arregimentou milhares de seguidores, aumentando a população do arraial. Ali, as lavouras e o gado eram comunitários, sem que houvesse patrões ou empregados, ricos ou pobres. A experiência vivida em Canudos assustava o clero, que perdia seus fiéis, e os latifundiários, que perdiam empregados e poder.
O crescimento do arraial mobilizou as autoridades estaduais e federais, que organizaram expedições militares para destruí-lo. As três primeiras expedições, armadas de metralhadoras e canhões, foram escorraçadas pelos sertanejos de Canudos, que, tomando as armas aos derrotados, fortaleceram-se ainda mais.
Somente a quarta expedição, composta por um contingente de cerca de 14 mil homens, muito bem armados, conseguiu destruir Canudos. O arraial foi arrasado e os que não morreram na luta foram degolados pelas tropas do Exército.
Todo o conflito (1896 -1897) foi acompanhado pelo jornalista Euclides da Cunha, correspondente de guerra para o jornal O Estado de S. Paulo, que, mais tarde, apresentou suas impressões no livro Os Sertões.
Em 1911 inicia-se no Juazeiro do Norte, Ceará, um confronto armado entre as oligarquias cearenses e o governo Federal (Hermes da Fonseca) o qual ficou conhecido como o Levante de Juazeiro ou Revolta de Juazeiro. Tudo começou quando o padre Cícero foi eleito para prefeito de Juazeiro do Norte em 1911 com o apoio dos grandes fazendeiros locais. Para assegurar a permanência da família Acióli no governo cearense, o padre liderou o chamado “pacto dos coronéis” em que 17 coronéis (chefes políticos da região do Cariri) se comprometeram a dar apoio à oligarquia Acióli que controlava o Estado do Ceará. Fazendeiros armados, centenas de sertanejos, inclusive bandos de jagunços e cangaceiros invadem a capital a fim de forçar a Assembléia Legislativa a rejeitar o nome de Marcos Franco Rabelo, indicado pelo presidente, o Marechal Hermes da Fonseca, para governar o Ceará. São contidos, mas Franco Rabelo renuncia. Então o presidente nomeia interventor do Estado o general Setembrindo de Carvalho.

Região Sudeste
O Sudeste foi também palco de revoltas e lutas armadas.
Em 1904, acontece no Rio de Janeiro a Revolta contra a Vacina Obrigatória.
Ao assumir a direção da Saúde Pública do Rio de Janeiro, durante o governo de Rodrigues Alves, o jovem médico Osvaldo Cruz prometeu acabar com a febre amarela e com a varíola. Para acabar com a varíola, ao invés de conscientizar a população sobre a importância da vacinação, o governo decretou a vacina obrigatória. Seus adversários políticos se aproveitaram da situação para fazer campanha contrária, dizendo que não se podia obrigar ninguém a tomar a vacina, seria falta de respeito obrigar as mulheres a serem vacinadas. Além do mais, correu o boato de que as mulheres teriam que se despir na frente dos vacinadores. A população pobre e desinformada acreditou no boato. Para a sociedade machista e patriarcal isso era o fim.
Nos dias 12, 13,14 e 15 de novembro de janeiro, as ruas da cidade do Rio de janeiro transformaram-se num campo de batalha. A população apedrejou e saqueou casas comerciais, espancou vacinadores, policiais e outras autoridades, invadiu quartéis, construiu barricadas, incendiou bondes, etc.
Entretanto, por trás da revolta da vacina obrigatória estava a insatisfação do povo devido a problemas bem mais sérios: falta de democracia (as eleições eram fraudadas), falta de emprego, constantes aumentos no preço dos alimentos e dos transportes, fome, demolição dos cortiços do centro do Rio, desabrigando milhares de pessoas pobres para embelezar a cidade.
Durante a revolta, milhares de pessoas foram presas, centenas foram desterradas para o Acre (região Norte) e os imigrantes que se envolveram foram expulsos do Brasil.
Em 1910, acontece novamente no Rio de Janeiro uma rebelião que ficou conhecida como Revolta da Chibata.
No início do século XX, a marinha de guerra do Brasil ainda preservava os costumes do tempo da escravidão. Além do serviço militar obrigatório por três anos, do mísero salário, da falta de higiene nos alojamentos, do prato de comida intragável, o marinheiro que cometesse uma falta, como por exemplo, não lavar direito o convés, era punido com chibatadas, Para as faltas leves, prisão e ferro na solitária, a pão e água; faltas leves repetidas, prisão e ferro na solitária a pão e água por 6 dias; faltas graves: vinte e cinco chibatadas.
Os marinheiros viviam em estado de tensão, pois constantemente um deles era castigado. Em 1910, a situação explodiu a partir do seguinte acontecimento.
No dia 22 de novembro de 1910, o marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes, por ter ferido um cabo com uma navalha, foi punido não com 25, mas com 250 chibatadas na presença da tropa e ao som de trombetas.
À noite, os marinheiros, liderados por João Cândido  que passou a ser conhecido como “Almirante Negro”  apoderaram-se dos mais importantes navios da Marinha, expulsaram os oficiais, matando os que resistiram. Os revoltosos exigiam o fim dos castigos corporais, melhora na alimentação e anistia para os rebeldes. Ameaçaram bombardear a cidade se não fossem atendidos.
A, cidade de São Paulo foi palco de inúmeras greves operárias, sendo a mais significativa delas a que ocorreu no ano de 1917. Neste período, os operários das fábricas de tecido do bairro da Mooca e do Ipiranga iniciaram uma grande greve, reivindicando melhores salários.
No dia 5 de julho de 1917, a Força Pública (equivalente à Política Militar atual) reprimiu uma passeata de trabalhadores, e na luta um sapateiro anarquista foi morto. No dia 11, o movimento grevista se espalhou pela cidade em protesto contra a morte do operário.
O movimento operário possuía várias tendências e uma das mais importantes era representada pelos anarquistas.
O anarquismo era uma teoria política que considerava todas as formas de governo repressoras e propunham a substituição do Estado por uma direção coletiva da sociedade. No Brasil, essa tendência política surgiu com a vinda dos imigrantes italianos, de modo geral pequenos artesãos, como sapateiros ou alfaiates.


Região Sul

Guerra do Contestado (1912-1916)
O conflito recebeu esse nome porque ocorreu numa região disputada entre Paraná e Santa Catarina.
Como na Guerra de Canudos, camponeses miseráveis buscavam posse de terras e eram comandados por um beato chamado José Maria. Forças policiais foram acionadas, pois o movimento, de caráter fanático e messiânico, atingiu proporções que preocupavam as autoridades. Foi derrotado apenas na presidência seguinte, de Venceslau Brás.

CARACTERÍSTICAS DO PRÉ-MODERNISMO

Ainda que seja difícil conciliar vários autores com estilos diversos e até antagômicos, as principais características do Pré-Modernismo são:

1. Ecletismo Estético- verificou-se entre as produções literárias da época a convivência de várias correntes e estilos literários (neo-romantismo, neo-realismo/ neoparnasianismo e neo-simbolismo).
2. Linguagem simples, aproximando-se mais do coloquial - Como conseqüência natural da maior aproximação entre literatura e realidade a linguagem utilizada pela maioria dos prosadores passou a ser mais objetiva, direta. Pode-se afirmar que houve a utilização de um português mais “brasileiro”.

Entretanto, a linguagem utilizada por Euclides da Cunha em “Os Sertões” é caracterizada pelos críticos como barroco científico em deconência do uso de paradoxos e antíteses, bem como pelo uso de termos científicos que povoam o texto da referida obra.

3. Uso de vocábulos pouco comuns, fortes e chocantes na poesia - ao lado da poesia acadêmica, ou melhor, da literatura “sorriso da sociedade” representada por poetas bastante presos ao formalismo, ao compromisso com o belo, mais preocupados com a maneira de dizer do que com o que havia de ser dito, surge uma poesia de estranhamento utilizando palavras como escarro, vômito, verme, lama, carnificina, cadáver, bactéria, podridão, desvinculadas do compromisso com o belo, com forte carga cientificista. Trata-se da poesia de Augusto dos Anjos. Alguns de seus poemas são vistos como os mais estranhos da nossa literatura.
4. Personagens tipos humanos marginalizados - o sertanejo, o caipira, paulista, o mulato, o cabloco, o funcionário público, os imigrantes, os desajustados das grandes cidades, até então, esquecidos pelos principais escritores das escolas literárias passadas, são elevados à condição de protagonistas dos romances do período. Essa parcela da população que havia sido ignorada passa então a ter voz na sociedade através das produções literárias. Por exemplo:

Ø Jeca Tatu em “Urupês”- representa a população rural marginalizada do vale do Paraíba

5. Preferência por assuntos históricos contemporâneos - na maior parte das obras pré-modernista há a descrição/narração de cenas e fatos reais, por exemplo:
Ø A narrativa quase documental da Guerra de Canudos em “Os Sertões”, de Euclides da Cunha. Nesta obra ele procurou compreender a realidade do sertanejo para explicar os motivos que o levaram a lutar pela defesa de Canudos.

Ø A análise minunciosa dos problemas da fixação dos imigrantes alemães no Espírito Santo, na cidade Porto Cachoeira no romance Canaã de Graça Aranha.

Ø O relato de fatos ocorridos durante o governo do Marechal Floriano Peixoto e na Revolta da Armada no romance “Triste Fim de Policarpo Quaresma” de Lima Barreto.

Ø A decadência econômica dos vilarejos e da população cabocla do Vale do Paraíba ocorrida durante a crise do café em “Urupês” e “Cidades Mortas” livros de contos de Monteiro Lobato. O livro “Urupês” apresenta Jeca Tatu como o estereótipo do trabalhador rural brasileiro abandonado à própria sorte pelo governo. O livro “Cidades Mortas” descreve a devastação praticada pelos fazendeiros de café no Vale do Paraíba. Para eles, o que interessava era o lucro; não se importavam com a destruição da terra. Assim quando uma área não produzia mais por estar esgotada, era abandonada e novas terras procuradas. Por se tornar impróprias para o cultivo, as terras do Vale do Paraíba foram abandonadas e as plantações de café avançaram em direção ao centro-oeste de São Paulo e ao Norte do Paraná.
Ø Análise dos desequilíbrios da realidade social da Região Sul em “Os Caboclos” de Valdomiro Silveira e em “Contos Gauchescos” de Simões Lopes Neto.

6. Regionalismo - nascido no Romantismo persiste nesse momento literário, mas com traços bem diferentes daqueles que o caracterizaram. Agora o escritor não deseja mais idealizar uma realidade, mas denunciar os desequilíbrios dessa realidade. Desejosos em resgatar o nacionalismo, os escritores retomam assim, a vertente regionalista da literatura de medo crítico, polêmico e problematizador. Através da descrição e caracterização das regiões, os escritores montam um vasto painel do Brasil: O Nordeste com Euclides da Cunha; O Vale do Paraíba e o interior paulista(SP) com Monteiro Lobato; o subúrbio carioca com Lima Barreto; o Espírito Santo com Graça Aranha; O Rio Grande Do Sul com Valdomiro Silveira e Simões Lopes Neto.


7. Inconformismo diante da realidade social, política e a econômica da época - Descontentes com a realidade social, econômica e política, alguns escritores utilizam a literatura para denunciar os problemas existentes. Pode-se afirmar que os escritores considerados pré-modernista produziram uma literatura social, ou seja, uma literatura preocupada com os problemas sociais. Como exemplos podem ser citadas algumas obras:
Ø “Recordações do Escrivão Isaías Caminha” (1909) - nesta obra, pode-se verificar que uma das preocupações de Lima Barreto é denunciar o preconceito racial e a discriminação para com as pessoas menos favorecidas economicamente.
Ø “Os Bruzundangas” (1923) - nesta obra (coletânea de crônicas), Lima Barreto denuncia a política econômica do Brasil da época, como por exemplo, a compra de carvão da Inglaterra pelo Brasil, a cultura do café como sustentação da elite e os acordos ilegítimos entre a elite cafeeira e o governo.
Ø “Urupês” (1918) - nesta obra, Monteiro Lobato criou o personagem Jeca Tatu para denunciar o estado em que a população do vale do Paraíba ficou após a crise do café: subnutrida, socialmente marginalizada, sem acesso à cultura, acometida de toda a sorte de doença endêmica.
Ø “Cidades Mortas” (1919) - Nesta obra, Monteiro Lobato procurou denunciar a devastação provocada pelos fazendeiros de café no Vale do Paraíba.

PRINCIPAIS AUTORES (PRÉ-MODERNISTA) E OBRAS

Foram poucos os escritores que procuram interpretar a realidade brasileira, revelar suas tensões e posicionar-se diante dos problemas sócio-políticos da época. Por representar uma obra de valor estilístico e significativa para uma nova interpretação da realidade brasileira, são considerados como principais autores pré-modernistas:


NA PROSA


Ø Euclides da Cunha (Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha: 1866-1909)
“Os Sertões” (1902);
Ø Graça Aranha (José Pereira da Graça Aranha: 1868-1931)
“Canaã” (1902);
Ø Lima Barreto (Afonso Henriques de Lima Barreto: 1881-1922)
“Recordações do Escrivão Isaías Caminha” (1909);
“Triste Fim de Policarpo Quaresma” (1915);
“Os Bruzundangas” (1923);
“Clara dos Anjos” (1948)
Ø Monteiro Lobato (José Bento Monteiro Lobato: 1882-1948)
“Urupês” (1918);
“Cidades Mortes” (1919);
“Negrinha” (1920);
“Sítio do Pica-Pau Amarelo” “Reinações de Narizinho” , “O Poço de Visconde”(Obras infantis).



NA POESIA


Ø Augusto dos Anjos (Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos: 1884-1914)
“Eu” (único livro de poema publicado em 1912).


Um comentário:

  1. DENÚNCIA: SÍTIO CALDEIRÃO, O ARAGUAIA DO CEARÁ – UMA HISTÓRIA QUE NINGUÉM CONHECE PORQUE JAMAIS FOI CONTADA...



    "As Vítimas do Massacre do Sítio Caldeirão
    têm direito inalienável à Verdade, Memória,
    História e Justiça!" Otoniel Ajala Dourado



    O MASSACRE APAGADO DOS LIVROS DE HISTÓRIA


    No município de CRATO, interior do CEARÁ, BRASIL, houve um crime idêntico ao do “Araguaia”, foi o MASSACRE praticado pelo Exército e Polícia Militar do Ceará em 10.05.1937, contra a comunidade de camponeses católicos do SÍTIO DA SANTA CRUZ DO DESERTO ou SÍTIO CALDEIRÃO, cujo líder religioso era o beato "JOSÉ LOURENÇO GOMES DA SILVA", paraibano de Pilões de Dentro, seguidor do padre CÍCERO ROMÃO BATISTA, encarados como “socialistas periculosos”.



    O CRIME DE LESA HUMANIDADE


    O crime iniciou-se com um bombardeio aéreo, e depois, no solo, os militares usando armas diversas, como metralhadoras, fuzis, revólveres, pistolas, facas e facões, assassinaram na “MATA CAVALOS”, SERRA DO CRUZEIRO, mulheres, crianças, adolescentes, idosos, doentes e todo o ser vivo que estivesse ao alcance de suas armas, agindo como juízes e algozes. Meses após, JOSÉ GERALDO DA CRUZ, ex-prefeito de Juazeiro do Norte/CE, encontrou num local da Chapada do Araripe, 16 crânios de crianças.


    A AÇÃO CIVIL PÚBLICA AJUIZADA PELA SOS DIREITOS HUMANOS


    Como o crime praticado pelo Exército e pela Polícia Militar do Ceará é de LESA HUMANIDADE / GENOCÍDIO é considerado IMPRESCRITÍVEL pela legislação brasileira e Acordos e Convenções internacionais, por isto a SOS DIREITOS HUMANOS, ONG com sede em Fortaleza - CE, ajuizou em 2008 uma Ação Civil Pública na Justiça Federal contra a União Federal e o Estado do Ceará, requerendo: a) que seja informada a localização da COVA COLETIVA, b) a exumação dos restos mortais, sua identificação através de DNA e enterro digno para as vítimas, c) liberação dos documentos sobre a chacina e sua inclusão na história oficial brasileira, d) indenização aos descendentes das vítimas e sobreviventes no valor de R$500 mil reais, e) outros pedidos



    A EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO DA AÇÃO


    A Ação Civil Pública foi distribuída para o Juiz substituto da 1ª Vara Federal em Fortaleza/CE e depois, para a 16ª Vara Federal em Juazeiro do Norte/CE, e lá em 16.09.2009, extinta sem julgamento do mérito, a pedido do MPF.



    AS RAZÕES DO RECURSO DA SOS DIREITOS HUMANOS PERANTE O TRF5


    A SOS DIREITOS HUMANOS apelou para o Tribunal Regional da 5ª Região em Recife/PE, argumentando que: a) não há prescrição porque o massacre do SÍTIO CALDEIRÃO é um crime de LESA HUMANIDADE, b) os restos mortais das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO não desapareceram da Chapada do Araripe a exemplo da família do CZAR ROMANOV, que foi morta no ano de 1918 e a ossada encontrada nos anos de 1991 e 2007;



    A SOS DIREITOS HUMANOS DENUNCIA O BRASIL PERANTE A OEA


    A SOS DIREITOS HUMANOS, igualmente aos familiares das vítimas da GUERRILHA DO ARAGUAIA, denunciou no ano de 2009, o governo brasileiro na Organização dos Estados Americanos – OEA, pelo DESAPARECIMENTO FORÇADO de 1000 pessoas do SÍTIO CALDEIRÃO.


    QUEM PODE ENCONTRAR A COVA COLETIVA


    A “URCA” e a “UFC” com seu RADAR DE PENETRAÇÃO NO SOLO (GPR) podem localizar a cova coletiva, e por que não a procuram? Serão os fósseis de peixes do "GEOPARK ARARIPE" mais importantes que os restos mortais das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO?



    A COMISSÃO DA VERDADE


    A SOS DIREITOS HUMANOS busca apoio técnico para encontrar a COVA COLETIVA, e que o internauta divulgue a notícia em seu blog/site, bem como a envie para seus representantes no Legislativo, solicitando um pronunciamento exigindo do Governo Federal a localização da COVA COLETIVA das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO.


    Paz e Solidariedade,



    Dr. Otoniel Ajala Dourado
    OAB/CE 9288 – 55 85 8613.1197
    Presidente da SOS - DIREITOS HUMANOS
    Membro da CDAA da OAB/CE
    www.sosdireitoshumanos.org.br
    sosdireitoshumanos@ig.com.br

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